segunda-feira, 10 de maio de 2010

A terceirização e as greves.

Trabalhei dois anos e meio na Sitel, empresa que faz o atendimento e suporte técnico aos cliente possuidores de equipamentos (notebook, palm tops e outros) da HP. Serviço terceirizado. Não é novidade pra ninguém.

O suporte on-line era feito dentro da HP mesmo, lá em Alphaville. Tudo bonitinho,..sala de descanso com TV e tudo.... me disseram que até yoga tinha até um tempo antes de eu entrar na empresa.
Salário regular, pago sem atrasos, vale refeição de cerca de 170 reias e mais ajuda pra gasosa (no caso da pessoa usar carro pra ir trabalhar) de uns 180 reias se me lembro bem.

Ficamos sabendo de uma hora pra outra que passariamos a trabalhar na própria Sitel que tem sede na Barra Funda. Decidido e pronto. Em um mês estavam todos transferidos...pros que não conseguiam fácil acesso à Barra Funda, problema.

Chegando na sede da Sitel nos demos conta da perdas...a empresa não tinha estacionamento, logo cortaram o vale-gasolina justificando que não fazia mais sentido...como não estavamos mais em Alphaville e a comida na Barra Funda era, segundo a empresa, mais barata, cortaram cerca de 40 reais de nosso vale refeição. Até questionamos sobre ser ilegal reduzir os benefícios, mas nesse caso não era. A jogada é simples. Você assina um contrato ao entrar na empresa, onde um dos itens justifica que você recebe por exemplo 100 reais de vale refeição, o restante é um benefício "extra" da empresa, podendo ser cortado a qualquer momento.

O salário continuou na mesma...ufa.


Existe um sindicato que "respondia" por nós atendentes de suporte. É o Sintratel. Eles não se posicionaram, não emitiram um comunicado sequer. Perdemos. Não houve greve, só reclamações entre funcionários nos horários de respiro/almoço...


As empresas de telemarketing e a inércia de seus sindicatos é somente mais um exemplo dos setores que ja perderam a luta. Setores que não tem mais voz e ferramentas para questionar e resistir...se perdemos benefícios, não reclame, estamos prestes a perder o emprego...


Dia 5 desse mês os funcionários da USP entraram em greve. Ao menos nas faculdades de humanas da USP estão havendo debates entre alunos e funcionários. Os professores em sua maioria fingem que nada ocorre. Ganharam aumento salarial e um novo benefício no ano passado. Não há o que justifique a paralisação deles. A categoria foi comprada.

Entre os alunos, há os que são a favor de uma greve geral (alunos, funcionario e professores); os que são contra qualquer greve, e os que só querem assistir à Copa.

O Sintusp, sindicato dos trabalhadores da USP é um dos organismos que ainda defende o direito dos trabalhadores e protestam por boas condições de trabalho, pelos direitos da mulher, por salários justos...os trabalhadores, professores, e alunos, são a universidade...e a universidade está comandada por pessoas que a querem tranformá-la em uma empresa de telemarketing com um sindicato igual ao Sintratel...cabe a quem defender o direito ao ensino público de qualidade?

3 comentários:

  1. Onde está os direitos humanos? direitos de uma pessoa?

    se não há greve não há mudanças.

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  2. Se não há resistência não há mudança. Mas o discurso é claro...alguns dos chefes da empresa chegam a te dizer que se vc parar de trabalhar não há problemas, pois tem milhares que trabalhariam por metade do seu salário.

    No final das contas a gente acata e fica por isso mesmo..

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  3. O grande problema é que uma grande massa sem instrução nenhuma ou de pouca instrução, aceita o que lhe é imposto e sucumbe ao sistema manipulador e parcial onde se trata cada funcionário de uma maneira diferente. Sendo assim conseguem oprimir os mais ´´dependentes´´ de seus salários (covardia nojenta).

    O sindicato, por sua vez, não se comunica com seus dependentes e não incentiva nenhum tipo de ação que pudesse se tornar um benefício aos funcionários.

    Enquanto pessoas continuarem aceitando o tratamento de meros escravos do sistema, o sistema vai continuar ganhando essa guerra!

    Mas enquanto houver um grupo lutando por uma vida mais digna, essa guerra não vai acabar com vitória fácil do sistema!

    Mário Batera

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